Gostaria de poder amar.
Almejo experimentar a saudade e
O gosto da boca no reencontro.
A saudade que banha os pensamentos sinestésicos,
Que permeia um dos cantos mais deliciosos e bem vividos da
lembrança.
Anseio por um enredo bem sucedido de um amor apaixonado,
Como carnaval cujos corpos dançam grudados no emaranhado de
gente
E de sorrisos daquela felicidade que parece que vai ser
eterna.
O amor que deita num colchão de rosas cheirosas e macias
como minha pele foi um dia.
No lugar disso, uma distinta inaptidão para demonstrar o bem-querer,
para conjugar meu dia com o da pessoa amada.
Minha casa é a solidão cujo silêncio do burburinho que toma
conta dos pensamentos me serve de companhia;
Aqui é minha paixão,
Este é o amor que conheço:
O coração que acelera não pelo avistar da pessoa amada e sim
pela iminência da chegada e esperada solidão.
A boca que beija o ar apenas inalado por mim mesma;
Os olhos brilhando ao fitar não o semblante do querido,
Mas das páginas do livro sobre a guerra;
O cabelo tocado com carinho por alguém que partiu há muito,
Agora se entrelaça apenas nos dedos da alma que agora
escreve,
A poesia visceral de amor escrita para ninguém
A não ser a mim mesma com a lembrança de não ter escrito a
pessoa alguma.
Sim, ninguém vai ser minha melhor companhia esta noite!
Meu amor declarado à solidão...
Camila Oleski
Camila Oleski