Melodia derradeira

Desperto com seu corpo colado ao meu
Seu cheiro devasso;
Deleito-me em sua boca sagaz
A língua que passeia no meu céu
Mãos fustigam minha pele
Embevecidos corpos ardentes
Horas que penso, segundos
Meu despudor em seu corpo suado
Lascivos na penumbra daquele quarto,
Que ouvia o gemido do seu prazer revelado em gozo
Melodia derradeira para um dia de saudade.

Camila Oleski

PATUÁS E PACTOS

Cansada de patuás e pactos
De conversinhas e versinhos
De pensar e hiperventilar
Acabo com a angústia já
Virarei sabiá
Que acaba por cantar e achar sons à meia noite
Sem açoite
E mais quinhão
No turbilhão das tempestades
Sem castidade
Mais paixão


Camila Oleski

MAIO/2014

Democracia demagógica

Na veia da humanidade,
Correm rios de (in)capacidade
Na casca da terra, o homem corre moendo
O fecundo mar morre lenta e gradativamente
O doce rio, onde, antes, nadavam meus avós, agora está pintado de lama
Alegria foi entristecida pelo igual, exatamente pelo mesmo, tédio
Hipocrisia sólida
Democracia demagógica
Demografia manobrável
Os escravos são pintados de cidadão
Cavadas famílias felizes
Dores no peito, solidão na casa cheia
Atos de memória vazios
O que fica, isso sim é permanente,
É conhecido: dor e tristeza.

Camila Oleski

A última notícia

A última notícia que tive de mim foi de você  Que me disse que eu havia me perdido  E que achava que eu não podia ir tão longe Mas fui ...