O molde


Pierre era um artista plástico renomado por esculpir manequins perfeitos. Foi durante uma exposição de pinturas de estilo renascentista que conheceu Caliandra. Ele queria ter novas ideias e inspirações para seu trabalho, e ela era apenas visitante. Pierre a convidou para fazer seu molde, para ser seu manequim, “Seu corpo é simplesmente perfeito!”, bajulou. Ela aceitou e nunca mais foi vista.

No mês seguinte, Pierre iria fazer uma enorme exposição que levaria seu próprio nome e todos os seus trabalhos: a verdadeira expressão da sua arte. Foi um grande alvoroço.

O formato do seu corpo era perfeito, uma escultura semelhante à do “Escravo moribundo”, de Michelangelo. Sua expressão de medo e angústia mobilizou o público. Para todos, ficou claro que se tratava de uma exposição póstuma.

De longe, ela, a “ghost writer” por trás da obra, observava satisfeita. O assassino sempre retorna à cena do crime, é o que todos dizem.

Camila Oleski

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