A morte é sempre um mistério que intriga as pessoas. Morrer é
passar de um estado a outro: da consciência à ignorância, isto é, deixamos o
mundo que conhecemos e entramos naquele ao qual jamais tivemos contato.
Passamos daquilo que conhecemos ao nível do que não conhecemos, para o mistério
mais profundo.
Dizem os estudiosos que, quando uma pessoa perde alguém ou alguma
coisa muito importante, vive o luto. E esse luto é dividido em 5 estágios. No
primeiro, há a negação. O enlutado não quer entrar em contato com a informação
da perda, se nega a falar no assunto. No segundo estágio, há uma raiva muito
grande, a pessoa não se conforma com a perda, sente-se injustiçada. No terceiro,
estágio há uma necessidade de reconstrução, de reorganização da vida, afinal, é
necessário seguir. Na quarta fase há a depressão, a consciência de que se está
só, o enlutado se retira do convívio social. Tristeza. É só na quinta fase que
ocorre a aceitação da perda, o indivíduo se conforma com a ausência permanente.
Lorena chegou ao funeral bem triste. Seus olhos, cheios de lágrimas.
Ela se lembrava de como a inteligentíssima Elizabeth Bennet havia conhecido aquele
homem magnífico. Ele, da alta sociedade e ela, de uma família humilde, mas não
menos atrevida. Inicialmente, Elizabeth o achava muito cheio de si, esnobe. No
entanto, logo caiu nos encantos naquele nobre homem de bom coração.
Ao redor do funeral, havia policiais e soldados. Todos mal
encarados pediam para formar filas, se quisessem se despedir do morto. Estavam todos muito abismados com aquela tragédia.
No luto, os mais próximos, normalmente, pensam em como vai ser a vida sem o ente querido ou no quanto ele sofreu antes de morrer. Pensam em como vai ser sua própria morte e, via de regra, chegam à conclusão de que o mais importante da vida é o amor. Amar as pessoas acima de tudo. Afinal, o que mais lhes resta?
No luto, os mais próximos, normalmente, pensam em como vai ser a vida sem o ente querido ou no quanto ele sofreu antes de morrer. Pensam em como vai ser sua própria morte e, via de regra, chegam à conclusão de que o mais importante da vida é o amor. Amar as pessoas acima de tudo. Afinal, o que mais lhes resta?
Antonio se lembrou das viagens que tinha feito com o falecido.
Daquela velha cidade no interior de Minas para onde haviam viajado nas férias.
Veio à tona o rosto daquela pobre senhora talhado por rugas que conheceram e que
lhes contou sobre a perda de seu filho para as drogas, sobre o quanto tentou
ajudá-lo a sair do vício, sem sucesso. Era triste saber que não ia mais vivenciar
tantas emoções com seu amigo.
As pessoas iam chegando com flores. Crisântemos, a flor mais pertinente
em funerais. O local estava com um perfume de Crisântemos e morte. Carlota chegou
também carregando Crisântemos brancos. Ela sabia que a morte já estava anunciada.
Seu amigo estava sabendo demais e contando a todos a verdade. Carlota sabia que
o conhecimento gera poder à população e, com isso, uma vontade de ter uma vida
mais digna. “Já dizia Paulo Freire”, pensou ela, “Seria ingenuidade demais esperar que a elite, a
oligarquia desenvolvesse uma forma de educação que proporcionasse às classes
dominadas perceber as injustiças sociais de maneira crítica”. Ela sentiu um
orgulho no peito, sentiu que o amigo havia proporcionado momentos incríveis de
conhecimento, dos quais jamais esqueceria. “Ele plantou a semente!”, sussurrou
para si mesma. Com certeza, Carlota estava na última fase do luto: a aceitação
da morte. No entanto ela sabia que a luta, esta estava apenas começando. Era um
momento de guerra e, naquele momento, as autoridades haviam declarado extinto o
que havia de mais importante que era o conhecimento.
Todos presentes
no velório, cada um em sua fase do luto. Os policiais e autoridades cumpriam
seu dever contendo a população. Dentro de cada pessoa um sentimento semelhante,
mas não igual, já que cada um havia se relacionado com o falecido de formas
diferentes. Uns procurando distração, outros, conhecimento. Existiam aqueles
que procuravam autoajuda e tinha até os que queriam conselhos de investimento.
Estavam todos lá. Era um dia memorável e triste.
Finalmente,
chegou a hora de se despedir para sempre. Uma cova rasa foi cavada e, na lápide,
havia as seguintes palavras: Aqui enterramos os livros, proibido desenterrar
sob pena de morte.