A poça

Raul era um homem de quase trinta anos que gostava de aventuras. Já havia saltado de paraquedas inúmeras vezes, mergulhado com tubarões, voado de balão, escalado o Kilimanjaro. Outra coisa que gostava de fazer era andar de moto correndo pelas estradinhas mal capeadas e de terra. Gostava de sentir o ar puro invadindo seus pulmões sem que precisasse respirar.
Numa tarde, corria com sua moto numa estrada vicinal. Chovia muito. Viu um alagado que formava uma poça imensa. Decidiu passar pelo meio, já que não havia outro espaço na estrada. Foi bem pelo meio, de modo que espirrou os jatos de água suja barrenta para os lados.
Lá pelo meio da pequena lagoa, sentiu-se sem chão. Mas seu estranhamento diante dessa nova sensação não foi suficiente para tirá-lo daquela situação. Afundou. Sua moto e seu corpo iam ficando submersos num cerco de água. Raul viu seu corpo indo cada vez mais fundo na poça que tinha infinitos metros de profundidade. Estava completamente atônito com o que estava acontecendo.
Depois de tanto afundar sem achar o chão, percebeu que não havia outra escapatória a não ser nadar. Deu grandes braçadas até cansar. Nadou mais e cansou. Queria ver o fim daquele labirinto de águas e, claro, queria se salvar. Continuou. Foi apenas depois horas nadando que conseguiu sair. Já completamente exaurido. Sua moto havia se perdido no fundo da maldita poça. Raul chegou ao oceano e viu a praia. Quase desmaiando, chegou até ela.

Camila Oleski

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